terça-feira, 19 de fevereiro de 2013


Magma: a poesia de João Guimarães Rosa

 

A partir da travessia entrecortada nas tangentes da verdade íntima e da sinuosidade metafísica, João Guimarães Rosa, desenredando o novelo poético de sua ótica universalista, alcança, num desprendimento contemplativo, a dimensão cósmica do ser, tece estrelas em versos com contornos de mistério: espiritualidade e infinito!

 

De “Bibliocausto” a “Consciência Cósmica”, bon voyage:

 

 

Bibliocausto

 

E só ficará comigo

o riso rubro das chamas, alumiando o preto

das estantes vazias.

Porque eu só preciso de pés livres,

de mãos dadas,

e de olhos bem abertos.

 

João Guimarães Rosa. In: Magma

 

 

Consciência Cósmica

 

Já não preciso de rir.
Os dedos longos do medo
largaram minha fronte.
E as vagas do sofrimento me arrastaram
para o centro do remoinho da grande força,
que agora flui, feroz, dentro e fora de mim...

Já não tenho medo de escalar os cimos
onde o ar limpo e fino pesa para fora,
e nem deixar escorrer a força de dos meus músculos,
e deitar-me na lama, o pensamento opiado...

Deixo que o inevitável dance, ao meu redor,
a dança das espadas de todos os momentos.
e deveria rir , se me retasse o riso,
das tormentas que poupam as furnas da minha alma,
dos desastres que erraram o alvo do meu corpo...

 
João Guimarães Rosa. In: Magma
 
 

Um comentário:

  1. Menininha que maravilha...
    Fico feliz demais...Sabe porque?
    Te ver bem feliz cuidando da sua vida...Do seu caminho...
    Tudo mais há de fluir como um rio tranquilo que segue seu curso contornando os obstáculos..
    Amo você desde sempre...Beijos.
    Maria da Graça

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