terça-feira, 11 de setembro de 2012




Espelho de uma face

Preferes cara ou coroa?
No vai e vem daquele trem
Não para gente, não para estação
Esperança se admira
Com disposição
Um broto
Uma espera
Uma afeição...
Na janela da cabine
Saltam flores
Passa vagão...
Só não salta
Olhar perdido
Desencanto recebido
Depois de compreendido
Que tempo perdido
Não é resolução...
No limbo do entendido
Começar de novo
Tem sim e tem não
E nesse passar de transição
Retinas de sul
Visões de norte...
Mas no centro do oeste
Leste não tem sorte
E noroeste não tem
Nem passa nem porte...
Quisera assim perdida de mim
Encontrar alegria, comunhão
Mas a vida acordou dizendo
Que um quase querendo
Não pode ser recomendação
Querer é por inteiro,
É contraste, mas é união...
Ninguém vive ao pé do leito
De flores em botão...
Maturidade vem com o mensageiro
Que trouxe a explicação:
Arco-íris de primaveras
Não causa expiação
Mas lição aprendida
Fica na estrada da vida
Entre o sim e o não
Dualidade passageira
Se persegue e se rejeita
O medo...
A desilusão...
Covardia não tem preço
Na verdade da intenção
Força só se sente
Quando espelho
Frente a frente
Esmaga a projeção...
Face adormecida
Prisioneira nessa vida
De olhar sem direção
Rosto revela tudo
Nada de compreensão
Espelho de uma face
Se esparrama pelo chão
Quebra a tristeza
De incerteza e submissão
Espelho de uma face
Se esparrama pelo chão...
Quem pode ser mais bela
Que essa doce sensação?
Liberdades descobertas
No infinito da canção?
Imagem e reflexo
Numa bolha de sabão?
Surpresa de herança
De quem guardou um coração
Em colina de perseverança
Cintila a mudança
De quem descobriu
A criança
Na andança
Da lembrança
Que intuiu:
História só se escreve
Quando se percebe
Que pressentir
   Não é cumprir...
Num mistério,
Num castelo ,
Num sorriso...
Piscadinha e olhadela
Só mesmo em valsa de cinderela!
O desenho em tela
verdadeira aquarela...
Entre um suspiro e um encanto,
O lugar do sem-espanto:
Simplicidade não é estação.
É moradia... é decisão!


(Ana Paula da Silva Santos)

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